quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018



"Ler
Ler é colher e recolher significâncias.
Lemos o livro e logo se animam representações mentais.
E nas representações mentais 
nos vemos e vemos os outros mortais.
E também vemos o mundo das coisas, o seu entorno, o seu adorno.
Lemos a partitura e extraímos melodias.
E das melodias compomos o hino, o salmo, a sinfonia.
O doce prazer de ouvir e repetir.
Lemos a paisagem e é um deleite.
E do deleite se faz a cor de muitas pinturas
e o pretexto para outras muitas leituras.
Lemos o bulício das feiras e das festas e desta animação tecemos um negócio, uma estrada, um rio, uma ilusão.
Lemos o luar, a lua, a madrugada.
E se canta ou não canta a cotovia.
Depois, desenhamos o tempo e partimos a ganhar o novo dia. Chova que não chova, faça frio ou calmaria.
Lemos o mar, quando azul ou quando encapelado.
E entramos ou paramos na safra de embarcado.
Lemos a flor, o prado verde, a floresta
e buscamos da terra o pão, o vinho,
a fresca água, o que nos presta.
Lemos, da mulher, o lábio
o seio túmido, o toque inquieto
e daí imaginamos o que imagina a mulher quando lê o forte braço,
a estatura, o gesto, a envergadura.
Lemos, olhos nos olhos, para adivinhar segredos.
E no chão dos segredos pensamos, dormimos e sonhamos.
E nos sonhos correm medos e enredos.
E por isso, quase sempre, calamos o que vemos olhos nos olhos.
Que é nos olhos, quando há candura,
que sempre se colhe a mais fiel leitura."

José Cândido Rodrigues
Fotos: Makerspace da ESCA , Trabalhos realizados em Oficina de Artes pelo 12º N


terça-feira, 27 de fevereiro de 2018




Pentateuco de Damasco

Descrição

O Pentateuco de Damasco, datado de por volta do ano 1000, é um dos mais antigos manuscritos bíblicos em hebraico ainda existentes. Ele inclui vocalização, acentuação e anotação massorética completas. O manuscrito apresenta defeitos no seu início, já que começa em Gênesis 9:26; também faltam Exôdus 18:1–23. Escrito em pergaminho, em escrita quadrada oriental, o texto está disposto em três colunas por página, com 20 linhas por coluna. O manuscrito pertenceu à comunidade judaica de Damasco (daí vem seu nome) até 1915, quando foi adquirido pelo colecionador e bibliófilo D.S. Sassoon. Em 1975, ele foi adquirido pela Biblioteca Nacional e Universitária Judaica (que mais tarde se tornaria a Biblioteca Nacional de Israel). Pentateuco é o termo para os cinco primeiros livros da Bíblia Hebraica: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. As anotações Massorá são uma coleção de notas críticas, compiladas entre os séculos VII e X por escribas e estudiosos judeus conhecidos como massoretas, e aceitas como reguladores autorizados tanto da transmissão escrita quanto oral da Bíblia Hebraica.

https://www.wdl.org/pt/item/11364/

Viajar no tempo pela Síria sem massacres...

http://drieverywhere.net/2011/03/25/a-damasco-biblica/

https://www.lds.org/media-library/video/2014-01-013-the-road-to-damascus?lang=por

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018


Neste episódio do programa "Voz" escutamos o poema de David Mourão-Ferreira dito pela atriz Beatriz Batarda. Um encontro com a poesia para ver, ouvir e ler aqui. 

“E por vezes”
E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos  E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites   não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos
David Mourão-Ferreira

http://ensina.rtp.pt/artigo/e-por-vezes-de-david-mourao-ferreira/





O Correntes d'Escritas, o festival literário da Póvoa de Varzim, surgiu em 2000. É dedicado à literatura de expressão portuguesa e espanhola.

http://observador.pt/2018/01/31/o-correntes-descritas-e-um-palco-para-a-lingua-portuguesa/
Para não duvidar, melhor consultar. :)

https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/imperfeito-e-condicional-de-cortesia/25731
Interessante sem dúvida...

Helena Maria Gonçalves e Virgínia do Carmo convidam para a inauguração do Epycentro - Centro de Arte e Educação, e do Espaço Poética, a decorrer no dia 3 de março de 2018, a partir das 15h00, na Praça Araújo Carandá, 38, em Braga. 
A sessão constará de um happening poético com a participação de Helena Maria Gonçalves e Tania Vilas Boas, e de um momento musical com o poeta e compositor Pedro Branco. 


https://www.facebook.com/events/213482899213475/

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Novo ano chinês festejado na Escola Secundária Carlos Amarante!

                                                           Fruindo a frescura

Árvores majestosas, mais de dez mil troncos,
águas límpldas correndo entre a névoa.
Diante de mim, o estuário do grande rio,
espaços imensos pincelados pelo vento.
Cadenciadamente, as ondas humedecendo a areia branca,
carpas douradas como nadando no ar.
Sentado num enorme rochedo, deixo
os borrifos das ondas salpicar meu humilde corpo
e asssim limpo a boca, lavo os pés.
Aqui ao lado, um velho, pescando.
Quantos os quw, sem glória, mordem, ávidod de engodo,
desejando quedar-se a " leste das folhas de lótus? "

Uma velha canção popular fala de um peixe nadando alegremente a " leste das folhas de lótus" e aí, na cobiça das coisas do mundo, morde o anzol que o vai pescar.

In Poemas de Wang Wei, Instituto Cultural de Macau



quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018



“Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas.” 
Mário Quintana
Foto: Arquivo Municipal de Ponte de Lima

Para os amantes do livro que inovação fantástica :) 

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018



A LEITORA 

 A leitora abre o espaço num sopro subtil. 
 Lê na violência e no espanto da brancura. 
 Principia apaixonada, de surpresa em surpresa. 
 Ilumina e inunda e dissemina de arco em arco. 
 Ela fala com as pedras do livro, com as sílabas da sombra. 

 Ela adere à matéria porosa, à madeira do vento. 
 Desce pelos bosques como uma menina descalça. 
 Aproxima-se das praias onde o corpo se eleva 
 em chama de água. Na imaculada superfície 
 ou na espessura latejante, despe-se das formas, 

 branca no ar. É um torvelinho harmonioso, 
 um pássaro suspenso. A terra ergue-se inteira 
 na sede obscura de palavras verticais. 
 A água move-se até ao seu princípio puro. 
 O poema é um arbusto que não cessa de tremer.

ANTÓNIO RAMOS ROSA, in VOLANTE VERDE ( Moraes Editores,1.ª Ed.,1986)