segunda-feira, 26 de março de 2018


Ovo

Chega azul e morna a luz na primavera
o vento penetra secreto toda a aragem
inquieto fecunda de verde a quimera
que nos céus se funde em nova linguagem

o vento da primavera perfuma penetrante
os ninhos suspensos nos berços beirais
andorinhas ciosas tecem rodopiantes
seus segredos enredos cegos reais
as flores filhas de Ceres sensuais
abrem corolas ao sol em orgias bacantes

este ar de tão moço varre feiticeiro
os campos os jardins. E nos lares
as mulheres desnudas de corpo inteiro
oferecem os seios voluptuosos altares
os ventres dilatam em libidinoso apetite
até saciarem a concupiscência de Afrodite

e quando o vento também de amar sedento
ondeando sibilante corteja o azul do mar
e o mar lhe diz que boda azul é utopia
rodopiando em morno desalento o vento
assobia

neste remoçar que é fogo desde a origem
a cúpida natura se cumpre em vertigem
em ovo.

Maria Adelina Vieira, in um corpo um cosmos



Alguns ovos criados por Peter Carl Fabergé e sua empresa entre 1885 e 1917. Da sua coleção de "Ovos Fabergé", os mais famosos foram aqueles criados para os czares russos Alexandre III e Nichoalas II (não são os que estão na foto). A Casa de Fabergé fez por volta de 50 ovos imperiais, dos quais 43 sobrevivem até hoje. Outros 9, que não fazem parte dessa coleção, sobrevivem. Esses da fotografia são "mini ovos", com pouco mais de 1,59 x 0,95cm, e eram usados como pingentes. Todos os ovos eram lançados na Páscoa.

Todos são propriedade do VMFA - Virginia Museum of Fine Arts.


Feliz Quadra Pascal! :)

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