sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Fonte Prima

Um poema dos nossos alunos, lido na cerimónia de distribuição de diplomas do 1º ciclo, a 24 de novembro.


Fonte Prima

E por detrás da casca
Escondida para lá das nervuras
Esquecida no meio da máscara
Borbulha a fonte prima
Senhora da verdade nua
Despida de vaidade e razão
Reflete à luz da lua
Tudo o que vai no coração.

Ela que dá vida e colhe morte
Não deixa ninguém à má sorte
Espelho que o tempo não corroi
Vontade que prende, quais anzois
Na sua água lava o mal
Para que na sua nobre pureza
Ele volte aquilo que se preza
Muito para além do material.

E se para vós não é já milagre
Olhem mais fundo que milhafre
Qu'o trilho que a miraculosa água demarca
É a linha intransponível que tantos passam
Entre o bem e o mal, a luz e a escuridão
Nela se interlaçam os caminhos da grande multidão.

Vidas e vidas que nela vivem
Indecisas quanto à margem
A tormenta deixam correr
Limitando-se a ver.
Mas se de um lado se escolhem pôr
Trazer para o outro causa dor.
Por isso o norte há que manter
Jamais pensando em correr
Não vá o pé cair ao lado
E ficar o caldo entornado.

De muitos nomes foi chamada
Por muitos profetas citada
Tantos loucos que a viram
As dúvidas que dela não beberam
Não é Deus, nem é destino
Ė o que nós que no eu vive
Mas não aquele que é fingido
Ela é a autêntica essência
Que todos temos na inocência.

Poucos, muito poucos a conhecem
Muitos o pensam saber
Nem veem o quanto a enaltecem
Esse tão simples ser.
Melhor ou pior todos sabemos
Que bem no fundo ela existe
Algures... Dentro ou fora de nós
Enquanto a noite persiste.

Aurora Boreal

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